segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Não aguenta? Bebe leite!


*Por Tereza Cristhina

A cena da vez é clássica! Algumas pessoas me conheceram por causa dela. Mas, veja bem, não tenho orgulho de contá-la, mas preciso compartilhar a pior cena de busão da minha vida.

Saindo da agência onde fazia estágio, na hora do rush, às 18h, fui para um dos pontos de ônibus mais concorridos da Av. Sumaré, zona oeste de São Paulo. Chegando lá, no ponto lotado - obviamente -, uma pessoa chamava a atenção de todos: um bêbado. Aliás, os bêbados sempre chamam a atenção, mas esse ficava pra lá e para cá, andando entre as pessoas e falando sozinho - com aquele hálito ma-ra-vi-lho-so #SQN. 



Eu estava ficando levemente irritada. Não bastasse o estresse do dia, o trânsito e a quantidade de pessoas que lotariam o busão, o bebum ainda não ficava quieto num canto? Mas, "Ok", pensava eu, logo ele ia embora em outro ônibus... Porque, claro que ele não entraria no mesmo que eu, né? Ele tinha muitas opções: Cohab Educandário, Pinheiros, Cohab não sei das quantas, Vila alguma coisa... MENOS o Metrô Vila Mariana, o mesmo ônibus que eu pegaria. Na minha cabeça eu tinha certeza que ele não iria nesse.

Oba, o Vila Mariana chegou! E metade de ponto correu (imaginem a cena, por favor. Agora um pouco pior). Bom, fui uma das primeiras a entrar e já fui direto para o fundo. Alguns minutinhos depois, sinto um cheiro forte. Olho pra trás e quem está lá? O bêbado! Quase chorei (ok, exagerei). Falava pra mim mesma: “Calma, Tereza, deixa ele quietinho aí... já, já você desce”. O grande problema é que ele não parava quieto (ah, novidade!). Ele falava o tempo todo nada com nada, com um bafo insuportável e babando. Sim, babando. Nem olhava pra trás, e pior que nem tinha como mudar de lugar porque o busão estava bem cheio. E até vi um cara ‘brigando’ com ele, pedindo pra ficar quieto porque estava incomodando as pessoas.

Bom, mas como eu atraio cenas bizarras, começou meu tormento. Como estava de costas pra ele, tudo o que fazia vinha na minha direção: se ele falava, o bafo vinha pra mim. Se cantava, o bafo vinha pra mim. Se ele se mexia, o bafo vinha pra mim. Ou seja, bem-vinda ao bafo do bêbado!

Na metade do caminho, ele começa a espirrar - sim, um espirro muito forte. Pior, sem proteger o nariz! Ou seja, senti uma VENTANIA de espirro na minha perna (estava de saia, olha que legal). Fiquei ainda mais irritada. Ele fez isso umas duas vezes, mas eu ainda continuava quieta. A única coisa que eu fazia era olhar pra trás com olhar fulminante, mas toda vez que eu olhava, ele tava com as mãos penduradas no ferro com o olho virado: ele estava MUITO bêbado. Nessa hora tive a certeza que ele nem sabia onde estava.

Tentando manter minha reputação, continuei quieta, mas já estava com muita raiva da criatura (todo mundo, na verdade). Até que chegou a hora mais INESPERADA. Depois de espirrar sem ao menos colocar a mão no nariz, o bebum faz uma coisa que você só faz sozinho na sua casa ou no banheiro: puxou todo o catarro que estava preso (sim, ele fez isso. sim, CATARRO), e por um segundo, pensei: "CÉUS, ele não fez isso, não... escutei errado, só poder ser. Sim, ele fez.. Mas CLARO que ele vai devolver, ÓBVIO que ele não vai jogar isso aqui, não tem como, ele está dentro de um ônibus...” Enquanto eu ainda estava pensando no que ele NÃO deveria fazer, ele já tinha feito. Olhei para o chão, pertinho do meu pé, e vi o catarro no chão. NOJO! Foi a hora que eu morri e a outra Tereza apareceu.

Vermelha feito pimenta, virei pra trás, tirei a bolsa do ombro, olhei bem pra ele, apontei o dedo e gritei: “Seu maluco! Você acha que você está onde? Viu o que você fez, seu nojento? Você não respeita as pessoas? Como você tem coragem de fazer isso aqui? E blá, blá, blá..." 

SILÊNCIO no busão. Todos me olhavam. Recado dado, virei pra frente e fingi que nada aconteceu (mentira, tava morrendo de vergonha). 

Quase pra descer, alguém me cutuca! Sim, o bêbado. E diz:

"MOÇA, DESCULPA". Ele CHORA e diz de novo: "Desculpa, moça. Não fiz por mal." 
Ele chora e baba. Pede desculpas, chora e baba...

Desci do busão e não acreditei que tinha passado por aquilo. E pra completar, alguns dias depois, sou reconhecida: "Olha, foi você que brigou com o bêbado no ônibus, né?"

TINHA GENTE DA AGÊNCIA NO BUSÃO. 

E a minha reputação?





*imagem YouTube

[Se você tem uma história de busão e quer compartilhar com a gente, manda para cenasdebusao@gmail.com!]

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