
"Era meu primeiro ano de faculdade, tinha acabado de conseguir meu primeiro estágio. Ainda era uma amadora na arte de pegar busão.
Certo dia, voltando do estágio, peguei o ônibus na Avenida Brigadeiro Luis Antônio com destino a Avenida Paulista, onde estudava. Eu, com a minha longa e bela saia hippie, entrei no ônibus correndo porque começava a garoar. Passei a catraca e sentei no banco do centro na última fileira.
Estava tranquila, na minha, ouvindo a chuva que começava a cair forte, quando um garoto todo serelepe começou a puxar papo comigo. Onde você estuda? Onde você trabalha? E todo aquele lenga-lenga.
Papo vai, papo vem e o tempo desabava lá fora. O céu estava tão escuro e as janelas tão embaçadas que mal dava para enxergar onde estava. Até que, de repente, a porta abriu e... MEUDEUSDOCÉU É O MEU PONTO! Subitamente levantei, tentando ainda dar um tchauzinho gracioso com as mãos para o garoto, mas nesse movimento, pisei na barra da minha longa saia azul que deslocou da minha cintura e desceu até o meu joelho.
Fiquei ali, de CALCINHA, dentro de um ônibus lotado, e pior, no ponto mais concorrido.
Minha auto-estima que até então se encontrava no status de “garota-se-sentindo-A-bela-porque-está-sendo-paquerada” para “minha filha, se mata!”
Esse momento durou uma eternidade. E para ajudar a acabar com a minha moral, o babaca que conversava comigo soltou um “Ueeeepaa!” (a la Rick Martin) E todas as pessoas ao redor riram de mim.
Nunca passei tanta vergonha da minha vida!
Bom, subi a saia mais que depressa, porém a minha honra já havia escorrido pelo bueiro! Enquanto descia a escada, uma dupla na minha frente comentava “Você viu a menina de calcinha?”. Juro, eu queria sumir!
O único consolo e que a minha calcinha não era de vó. Estejam preparadas para tudo, meninas."