sexta-feira, 1 de outubro de 2010

De calcinha no busão

*Por Paula Miranda

"Era meu primeiro ano de faculdade, tinha acabado de conseguir meu primeiro estágio. Ainda era uma amadora na arte de pegar busão.

Certo dia, voltando do estágio, peguei o ônibus na Avenida Brigadeiro Luis Antônio com destino a Avenida Paulista, onde estudava. Eu, com a minha longa e bela saia hippie, entrei no ônibus correndo porque começava a garoar. Passei a catraca e sentei no banco do centro na última fileira.

Estava tranquila, na minha, ouvindo a chuva que começava a cair forte, quando um garoto todo serelepe começou a puxar papo comigo. Onde você estuda? Onde você trabalha? E todo aquele lenga-lenga.

Papo vai, papo vem e o tempo desabava lá fora. O céu estava tão escuro e as janelas tão embaçadas que mal dava para enxergar onde estava. Até que, de repente, a porta abriu e... MEUDEUSDOCÉU É O MEU PONTO! Subitamente levantei, tentando ainda dar um tchauzinho gracioso com as mãos para o garoto, mas nesse movimento, pisei na barra da minha longa saia azul que deslocou da minha cintura e desceu até o meu joelho.

Fiquei ali, de CALCINHA, dentro de um ônibus lotado, e pior, no ponto mais concorrido.

Minha auto-estima que até então se encontrava no status de “garota-se-sentindo-A-bela-porque-está-sendo-paquerada” para “minha filha, se mata!”

Esse momento durou uma eternidade. E para ajudar a acabar com a minha moral, o babaca que conversava comigo soltou um “Ueeeepaa!” (a la Rick Martin) E todas as pessoas ao redor riram de mim.

Nunca passei tanta vergonha da minha vida!

Bom, subi a saia mais que depressa, porém a minha honra já havia escorrido pelo bueiro! Enquanto descia a escada, uma dupla na minha frente comentava “Você viu a menina de calcinha?”. Juro, eu queria sumir!
O único consolo e que a minha calcinha não era de vó. Estejam preparadas para tudo, meninas."